terça-feira, 6 de novembro de 2012

E EU SÓ QUERIA DESCANSAR


Acordei tarde! Aliás, bem mais tarde do que imaginava.
O relógio marcava 13h45 e lá fora parecia estar quente num dia de sol forte, quase sem nuvens no céu maravilhosamente azul.
Enquanto me espreguiçava lentamente, ainda deitada, percebia o som de uma música conhecida que parecia vir do quarto ao lado, mas não conseguia identificar.
Não queria me levantar, não queria fazer nada afinal estava ali para descansar e o hotel era ótimo, a paisagem era perfeita para “desligar” literalmente dos últimos acontecimentos.
Enquanto tentava lavar o rosto para ver se conseguia me decidir entre caminhar na praia ou me esticar a beira da piscina, o telefone toca estridente:
- Eu disse que não queria ser incomodada – falei com tranqüilidade.
- Perdoe o transtorno, mas a pessoa na linha disse que era urgente. Vou passar a ligação – me disse a voz tremula.
Do outro lado da linha, o caseiro da chácara onde gosto de passar minhas poucas horas livres:
- Sei que não queria telefonemas, mas o caso é grave.
- Fale logo, já que ligou.
- Sabe ... como é de costume ... sempre desço até o pomar ...
- Fale, criatura! – disse alterada.
- Então ... fui até o pomar na hora do almoço ... sabe como é ... recolher as frutas passadas ...
- Já estou ficando preocupada! O que você está tentando me dizer?
- Em baixo da mangueira encontrei um ... um cadáver. – disse o caseiro.
- Como assim? Você está louco? Isso é uma brincadeira? Já ligou para a polícia? Alguém mais viu? – nessa altura da conversa já estava histérica.
- Não, claro que não. Precisávamos conversar antes de qualquer atitude precipitada. Fique calma, está tudo sob controle. – respondeu serenamente e logo em seguida me perguntou:
- O que quer que faça?
Respondi depois de uma breve pausa:
- Chame a polícia enquanto fecho minha conta, diga que em poucas horas estarei aí. Deixe que olhem tudo, não impeça a perícia de fazer o seu trabalho.
Desligamos o telefone sem mais palavras.
Ao chegar encontrei uma cena de filme de investigação. Não estava preocupada, tinha meu álibi mais do que perfeito.
Enquanto colhiam as evidências, corre um jovem rapaz do carro do IML dizendo para encerrar todo o processo, pois já sabiam o motivo e o responsável por aquele homicídio.
O caseiro e eu nos entreolhamos fixamente por alguns instantes enquanto o jovem legista dizia:
- Vocês viram a cerca quebrada e suas roupas rasgadas, o que indica como ele entrou aqui. Nós encontramos um caroço de manga em sua garganta, que indica a causa da morte por asfixia.
No dia seguinte voltei para o hotel e fiz questão de esquecer esse dia terrível. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário