Acordei tarde! Aliás, bem mais
tarde do que imaginava.
O relógio marcava 13h45 e lá
fora parecia estar quente num dia de sol forte, quase sem nuvens no céu
maravilhosamente azul.
Enquanto me espreguiçava
lentamente, ainda deitada, percebia o som de uma música conhecida que parecia
vir do quarto ao lado, mas não conseguia identificar.
Não queria me levantar, não
queria fazer nada afinal estava ali para descansar e o hotel era ótimo, a
paisagem era perfeita para “desligar” literalmente dos últimos acontecimentos.
Enquanto tentava lavar o rosto
para ver se conseguia me decidir entre caminhar na praia ou me esticar a beira
da piscina, o telefone toca estridente:
- Eu disse que não queria ser
incomodada – falei com tranqüilidade.
- Perdoe o transtorno, mas a
pessoa na linha disse que era urgente. Vou passar a ligação – me disse a voz
tremula.
Do outro lado da linha, o
caseiro da chácara onde gosto de passar minhas poucas horas livres:
- Sei que não queria
telefonemas, mas o caso é grave.
- Fale logo, já que ligou.
- Sabe ... como é de costume
... sempre desço até o pomar ...
- Fale, criatura! – disse
alterada.
- Então ... fui até o pomar na
hora do almoço ... sabe como é ... recolher as frutas passadas ...
- Já estou ficando preocupada!
O que você está tentando me dizer?
- Em baixo da mangueira
encontrei um ... um cadáver. – disse o caseiro.
- Como assim? Você está louco?
Isso é uma brincadeira? Já ligou para a polícia? Alguém mais viu? – nessa
altura da conversa já estava histérica.
- Não, claro que não.
Precisávamos conversar antes de qualquer atitude precipitada. Fique calma, está
tudo sob controle. – respondeu serenamente e logo em seguida me perguntou:
- O que quer que faça?
Respondi depois de uma breve
pausa:
- Chame a polícia enquanto
fecho minha conta, diga que em poucas horas estarei aí. Deixe que olhem tudo,
não impeça a perícia de fazer o seu trabalho.
Desligamos o telefone sem mais
palavras.
Ao chegar encontrei uma cena de
filme de investigação. Não estava preocupada, tinha meu álibi mais do que
perfeito.
Enquanto colhiam as evidências,
corre um jovem rapaz do carro do IML dizendo para encerrar todo o processo,
pois já sabiam o motivo e o responsável por aquele homicídio.
O caseiro e eu nos entreolhamos
fixamente por alguns instantes enquanto o jovem legista dizia:
- Vocês viram a cerca quebrada
e suas roupas rasgadas, o que indica como ele entrou aqui. Nós encontramos um
caroço de manga em sua garganta, que indica a causa da morte por asfixia.
No dia seguinte voltei para o hotel e fiz
questão de esquecer esse dia terrível.
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