Produzindo textos de diferentes esferas comunicativas
Todas as esferas da atividade humana, por mais
variadas que sejam, estão sempre relacionadas
com a utilização da língua. Não é de se
surpreender que o caráter e os modos dessa
utilização sejam tão variados como as próprias
esferas da atividade humana, o que não contradiz
a unidade nacional de uma língua.
(Bakhtin)
Para o autor acima referido os gêneros são aprendidos no curso de nossas vidas como participantes de determinado grupo social ou membro de alguma comunidade. Logo, tem-se que gêneros são padrões comunicativos, que, socialmente utilizados, funcionam com uma espécie de modelos comunicativos globais que representam em conhecimento social localizado em situação concreta.
Nessa perspectiva, o discurso e gêneros são formados nas estruturas e processos
sociais - discurso deriva das instituições, e gênero das ocasiões sociais
convencionalizadas em que a vida social acontece. Os textos são, portanto, duplamente
determinados: pelos sentidos do discurso que aparecem no texto e pelas formas,
significados e construções de um gênero específico.
Os textos abaixo apresentados são o resultado da atividade de produção de texto de diferentes esferas comunicativas. Foi solicitado ao grupo uma produção individual de uma:
- Uma conversa telefônica entre dois amigos (você e a pessoa que achou o cadáver) ou
- Uma crônica.
O poder da “zica”
Priscila Barbosa Arantes
-
Alô, Pri?
-
Oi?
-
Estava dormindo?
-Sim...
Mas pode falar.
-
Ai, desculpa! É que aconteceu uma coisa horrível! Acordei super cedo, me
aprontei pra sair e quando abro a porta dou de cara com um cara mortinho da
silva aqui na minha porta !!!! Quem merece isso? Eu falo, eu falo, é o poder da
zica, só pode...
-
Espera, para de falar ! Você me acordou para falar um absurdo desses? Como que
tem um cara morto aí?
-
Ai, é sério ! O que que eu faço agora?
-
Sei lá, chama a polícia.
-
Mas não posso ficar aqui parada! Pô, acordo de madrugada para ir a uma
entrevista que estou esperando há séculos, é demais, né ?
-
E se você fingir que não viu?
-
Como assim?
-
Ah, sei lá... Passa por cima e segue adiante, como se nada tivesse
acontecido...
-
Ah, não sei não... Do jeito que a sorte me evita, é melhor não vacilar... E se
eu chamasse o porteiro? O síndico?
-
Hum... Não parece má ideia... Vai lá, vai lá, mas depois me liga para eu saber
o fim da história, está bem?
-
Fechado!
Tempos
depois...
-
Pri?
-
Oi, e aí?
-
Bom, agora está todo mundo aqui na minha porta, o zelador falando tão alto que
parece briga, o síndico e mais o prédio todo que agora resolveu acordar e se
intrometer no assunto... Ainda por cima, chamaram a polícia, que pediu que eu
ficasse por aqui, já que encontrei o cadáver e tal... Já era entrevista de
emprego!
-
E o falecido?
-
O que tem?
-
Alguém o conhece, é morador daí?
-
Ah, sei lá!
-
Credo, Sari, pensa melhor... O cara está morto, bateu as botas e ninguém nem
aí... Você mesma só está pensando na sua entrevista... Até parece aquela música
do Chico Buarque, “Construção”. Coitado! É um ser humano!
-
Ai, credo, não fala assim que me sinto culpada... Tem razão... Espere que
chegou um pessoal, depois te ligo!
Mais
algum tempo depois...
-
Alô! Menina, nem te conto!
-
Pode falar.
-
O cara que bateu as botas é um figurão! O fera da publicidade! Veio aqui ver o
sobrinho e falar do seu testamento. Aliás, deixou tudo para o rapaz! E digo
mais: conversa vai, conversa vem, o rapaz foi com a minha cara...
-
Ah, não me diga que te chamou para sair?
-
Não, né?! Pediu que eu deixasse um currículo para trabalhar na agência do tio!
-
Aff... Pensei que vocês tinham se apaixonado e de desempregada tinha virado
herdeira!
-
Ah, Pri, está vendo muita novela... Com a sorte que eu tenho, só de ter
entregado um currículo em um dia que eu nem consegui sair de casa, já está
ótimo !!! Vou até acender uma velinha para a alma do falecido, pobre coitado!
-
Beleza! Ficou com remorso de nem ter ligado para o morto, né?
-
É...E através dele talvez venha meu futuro emprego... Ou não, sei lá. Mas é bom
viver para aprender que não somos só nós e nossos umbigos que existem no mundo
!
-
Ai, que filósofa! Boa sorte, amiga! Valeu a aventura!
-É...
E por hoje é só, pessoal! kkkkkkkk !!!!!!
-
KKkkkkkkkk !!!! Beijão, tchau!
-
Tchau, fique com Deus!
Amigo
tem cada ideia.
Lisândrea Ramalho Alves Evaristo
Tinha tudo para ser um dia perfeito. Era Domingo, um dia muito esperado
da semana, pois era minha folga. Levantei cedo para aproveitar o dia, combinei
com uma amiga para irmos à praia.
Fui ao banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto e tomei um banho, quando de repente toca o
telefone e saio às pressas para atendê-lo.
Pensei: deve ser a Vanessa dizendo que não vai mais.
- Alô, quem está falando?
- Lisa, sou eu a Vanessa.
- Nossa! Mas porque você está
chorando?
- Você não imagina o que aconteceu?
- Não mesmo!
- Estou muito nervosa, assustada, desorientada. ...
- Calma e me conta o que aconteceu?
- Lisa, como combinamos levantei cedo e fui me arrumar para irmos à
praia. Ouvi o toque da campainha e fui ver quem era. Deparei-me com um homem estirado
no chão da porta de casa. Levei um enorme susto!!! Verifiquei se havia alguém no corredor, mas
não tinha.
- E aí, ele estava vivo?
- Já olhei atentamente, toquei em seu corpo e o senti frio. Verifiquei
sua pulsação, mas ele já tinha partido
dessa para melhor e eu fiquei na pior. Não sei o que fazer!!!!!!
- Chame a polícia imediatamente.
- NÃO!!!!!!! Vão pensar que sou eu a assassina.
- Então, te liguei para você me ajudar a dar um fim neste cadáver. Pensei
em enterrá-lo ou fazer um picadinho do corpo e dar para os cachorros ou ainda
colocar no saco de lixo.
-Vanessa, definitivamente você enlouqueceu!!!! Anda assistindo muita
televisão!!!
- Ué, você não diz que é minha amiga. Estou precisando de ajuda. Amigo é
para colaborar nos momentos difíceis da vida.
- Sou sua amiga, mas não é certo dar um fim neste cadáver, ainda mais que
não é você a assassina. Ou é????
- Não!!!!!!!!!! Você está me deixando mais nervosa.
- Desculpe, não foi a minha intenção, mas o que você está querendo fazer
não é correto.
- Não saia daí, vou chamar a polícia e estou indo imediatamente para
sua casa.
-Tchau!!!! Estou indo......
QUE
DIA!
Angélica da Costa Boaventura
A primeira coisa que fiz depois de
abrir os olhos naquela manhã, foi olhar o relógio de cabeceira, afinal com a
mudança para o horário de verão fica bem fácil perder a hora. Levantei, fui ao
banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto. Tive a impressão de ouvir a
campainha da porta, duvidei porque era cedo demais para ter alguém ali. Me
enxuguei depressa. Curiosa, saí do banheiro e caminhei até a porta, destranquei
a fechadura e qual foi minha surpresa quando abri, não somente havia uma pessoa
como ela estava caída, imóvel na soleira.
Senti um arrepio percorrer todo meu
corpo, demorei alguns segundos para entender aquela cena. Meu Deus! Havia um
homem caído à minha frente. E agora? Tenho que fazer algo, pensei, mas fazer o
quê? A gente não faz um treinamento para saber agir em uma situação dessas, aliás,
nem imaginamos ter que passar por esse tipo de coisa. Recuperei as forças e
olhei ao redor, mas era tão cedo que não tinha ninguém no corredor. Me abaixei e com muito sacrifício, toquei o sujeito e ele não se mexeu.
Corri para o telefone e quando ia
discar o número da central da polícia, resolvi ligar para você, já que é minha
melhor amiga. Por favor, me diga, será que devo chamar a polícia, vão fazer uma
série de perguntas, será que vão desconfiar de mim?
- Calma, Manu, você está falando há
20 minutos, sem parar, parece uma metralhadora disparando palavras, juro que
estou com certa dificuldade para entender tudo o que disse. Essa é a estória
mais absurda que já ouvi.
-É absurda, mas é verdade, com
tantas portas nesse corredor, esse infeliz foi escolher justamente a minha?
- Manu, qual o número do seu
apartamento?
-É 66, por quê?
-E o nome da rua?
-Rua Transilvânia, mas o que isso
tem a ver com o meu caso?
-Amiga, que dia é hoje?
-Dia 31 de outubro, Gabi, você está
me deixando mais nervosa ainda, tenho que focar
nessa situação e resolvê-la.
- Manu, volta lá na porta.
-Você está maluca, acha que é fácil
ficar vendo um homem morto assim de pertinho?
- Vai lá, Manu, tem certeza de que
esse homem é real?
-Agora, está passando dos limites,
acha que eu ia inventar um negócio desses?
-Não estou dizendo isso, quero que
veja se o homem é de verdade ou se é um boneco, sei lá!
-Está achando que eu...espera um
pouco, agora está caindo a ficha, Gabi, será que eu fui a escolhida?!
-Corre lá!
-Não acredito!!!
-Nossa, moça, achei que ia ter um
ataque, não voltava mais, cheguei a temer a brincadeira, caprichamos muito para
ficar bem real e estou aqui bem vivo para lhe dizer que é a ganhadora da
promoção de Halloween – “O susto do defunto”, acaba de ganhar uma viagem a
Houston, com tudo pago para conhecer a matriz de nossa fábrica de doces. Você
foi escolhida por ter o endereço mais original.
-Gabi, Gabi, está ouvindo isso?
Ganhei, ganhei!
-Agora faça uma cara de espanto que
está sendo filmada. A Doce Gostoso agradece sua participação. Ah! Já ia me
esquecendo de dizer que tem o direito a um acompanhante.
-Gabi, escutou o que ele disse?
Gabi, ainda está aí ao telefone?
-Estou sim, Manu e depois do susto e
de tanta confusão, espero que me leve com você.
-Claro, amiga, você é a companhia perfeita!
Olá Pessoal do Grupo 04
ResponderExcluirBoa Tarde
Reli os textos produzidos por vocês no Fórum e reafirmo que eles estão bem interessantes e empolgantes. Um texto melhor que o outro e estimula a leitura que dá vontade de ler várias vezes. Parabéns para todos.
Abraços
Boa noite pessoal do Grupo 4, confesso que o blog de vocês esta muito bonito, estão todos de parabéns.
ResponderExcluirLi os textos e eles estão bem interessantes.
Um grande abraço.