terça-feira, 6 de novembro de 2012


Produzindo textos de diferentes esferas comunicativas


Todas as esferas da atividade humana, por mais 
variadas que sejam, estão sempre relacionadas 
com a utilização da língua. Não é de se 
surpreender que o caráter e os modos dessa 
utilização sejam tão variados como as próprias 
esferas da atividade humana, o que não contradiz 
a unidade nacional de uma língua. 
(Bakhtin)


Para o autor acima referido os gêneros são aprendidos no curso de nossas vidas como participantes de determinado grupo social ou membro de alguma comunidade. Logo, tem-se que gêneros são padrões comunicativos,  que, socialmente utilizados, funcionam com uma espécie de modelos comunicativos globais que representam em conhecimento social localizado em situação concreta.
Nessa perspectiva, o discurso e gêneros são formados nas estruturas e processos 
sociais - discurso deriva das instituições, e gênero das ocasiões sociais
convencionalizadas em que a vida social acontece. Os textos são, portanto, duplamente 
determinados: pelos sentidos do discurso que aparecem no texto e pelas formas, 
significados e construções de um gênero específico. 

Os textos abaixo apresentados são o resultado da atividade de produção de texto de diferentes esferas comunicativas. Foi solicitado ao grupo uma produção individual  de uma:
  • Uma conversa telefônica entre dois amigos (você e a pessoa que achou o cadáver) ou
  • Uma crônica.


O poder da “zica”

Priscila Barbosa Arantes

- Alô, Pri?
- Oi?
- Estava dormindo?
-Sim... Mas pode falar.
- Ai, desculpa! É que aconteceu uma coisa horrível! Acordei super cedo, me aprontei pra sair e quando abro a porta dou de cara com um cara mortinho da silva aqui na minha porta !!!! Quem merece isso? Eu falo, eu falo, é o poder da zica, só pode...
- Espera, para de falar ! Você me acordou para falar um absurdo desses? Como que tem um cara morto aí?
- Ai, é sério ! O que que eu faço agora?
- Sei lá, chama a polícia.
- Mas não posso ficar aqui parada! Pô, acordo de madrugada para ir a uma entrevista que estou esperando há séculos, é demais, né ?
- E se você fingir que não viu?
- Como assim?
- Ah, sei lá... Passa por cima e segue adiante, como se nada tivesse acontecido...
- Ah, não sei não... Do jeito que a sorte me evita, é melhor não vacilar... E se eu chamasse o porteiro? O síndico?
- Hum... Não parece má ideia... Vai lá, vai lá, mas depois me liga para eu saber o fim da história, está bem?
- Fechado!
Tempos depois...
- Pri?
- Oi, e aí?
- Bom, agora está todo mundo aqui na minha porta, o zelador falando tão alto que parece briga, o síndico e mais o prédio todo que agora resolveu acordar e se intrometer no assunto... Ainda por cima, chamaram a polícia, que pediu que eu ficasse por aqui, já que encontrei o cadáver e tal... Já era entrevista de emprego!
- E o falecido?
- O que tem?
- Alguém o conhece, é morador daí?
- Ah, sei lá!
- Credo, Sari, pensa melhor... O cara está morto, bateu as botas e ninguém nem aí... Você mesma só está pensando na sua entrevista... Até parece aquela música do Chico Buarque, “Construção”. Coitado! É um ser humano!
- Ai, credo, não fala assim que me sinto culpada... Tem razão... Espere que chegou um pessoal, depois te ligo!
Mais algum tempo depois...
- Alô! Menina, nem te conto!
- Pode falar.
- O cara que bateu as botas é um figurão! O fera da publicidade! Veio aqui ver o sobrinho e falar do seu testamento. Aliás, deixou tudo para o rapaz! E digo mais: conversa vai, conversa vem, o rapaz foi com a minha cara...
- Ah, não me diga que te chamou para sair?
- Não, né?! Pediu que eu deixasse um currículo para trabalhar na agência do tio!
- Aff... Pensei que vocês tinham se apaixonado e de desempregada tinha virado herdeira!
- Ah, Pri, está vendo muita novela... Com a sorte que eu tenho, só de ter entregado um currículo em um dia que eu nem consegui sair de casa, já está ótimo !!! Vou até acender uma velinha para a alma do falecido, pobre coitado!
- Beleza! Ficou com remorso de nem ter ligado para o morto, né?
- É...E através dele talvez venha meu futuro emprego... Ou não, sei lá. Mas é bom viver para aprender que não somos só nós e nossos umbigos que existem no mundo !
- Ai, que filósofa! Boa sorte, amiga! Valeu a aventura!
-É... E por hoje é só, pessoal! kkkkkkkk !!!!!!
- KKkkkkkkkk !!!! Beijão, tchau!
- Tchau, fique com Deus!

Amigo tem cada ideia.

Lisândrea Ramalho Alves Evaristo

Tinha tudo para ser um dia perfeito. Era Domingo, um dia muito esperado da semana, pois era minha folga. Levantei cedo para aproveitar o dia, combinei com uma amiga para irmos à praia.
Fui ao banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto e  tomei um banho, quando de repente toca o telefone e saio às pressas para atendê-lo.
Pensei: deve ser a Vanessa dizendo que não vai mais.
- Alô, quem está falando?
- Lisa, sou eu a Vanessa.
- Nossa!  Mas porque você está chorando?
- Você não imagina o que aconteceu?
- Não mesmo!
- Estou muito nervosa, assustada, desorientada. ...
- Calma e me conta o que aconteceu?
- Lisa, como combinamos levantei cedo e fui me arrumar para irmos à praia. Ouvi o toque da campainha e fui ver quem era. Deparei-me com um homem estirado no chão da porta de casa. Levei um enorme susto!!!  Verifiquei se havia alguém no corredor, mas não tinha.
- E aí, ele estava vivo?
- Já olhei atentamente, toquei em seu corpo e o senti frio. Verifiquei sua pulsação, mas ele  já tinha partido dessa para melhor e eu fiquei na pior. Não sei o que fazer!!!!!!
- Chame a polícia imediatamente.
- NÃO!!!!!!! Vão pensar que sou eu a assassina.
- Então, te liguei para você me ajudar a dar um fim neste cadáver. Pensei em enterrá-lo ou fazer um picadinho do corpo e dar para os cachorros ou ainda colocar no saco de lixo.
-Vanessa, definitivamente você enlouqueceu!!!! Anda assistindo muita televisão!!!
- Ué, você não diz que é minha amiga. Estou precisando de ajuda. Amigo é para colaborar nos momentos difíceis da vida.
- Sou sua amiga, mas não é certo dar um fim neste cadáver, ainda mais que não é você a assassina. Ou é????
- Não!!!!!!!!!! Você está me deixando mais nervosa.
- Desculpe, não foi a minha intenção, mas o que você está querendo fazer não é correto.
- Não saia daí, vou chamar a polícia e estou indo imediatamente para sua  casa.
-Tchau!!!! Estou indo......

QUE DIA!

Angélica da Costa Boaventura
            
A primeira coisa que fiz depois de abrir os olhos naquela manhã, foi olhar o relógio de cabeceira, afinal com a mudança para o horário de verão fica bem fácil perder a hora. Levantei, fui ao banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto. Tive a impressão de ouvir a campainha da porta, duvidei porque era cedo demais para ter alguém ali. Me enxuguei depressa. Curiosa, saí do banheiro e caminhei até a porta, destranquei a fechadura e qual foi minha surpresa quando abri, não somente havia uma pessoa como ela estava caída, imóvel na soleira.
            Senti um arrepio percorrer todo meu corpo, demorei alguns segundos para entender aquela cena. Meu Deus! Havia um homem caído à minha frente. E agora? Tenho que fazer algo, pensei, mas fazer o quê? A gente não faz um treinamento para saber agir em uma situação dessas, aliás, nem imaginamos ter que passar por esse tipo de coisa. Recuperei as forças e olhei ao redor, mas era tão cedo que não tinha ninguém no corredor. Me abaixei e com muito sacrifício, toquei o sujeito e ele não se mexeu.
            Corri para o telefone e quando ia discar o número da central da polícia, resolvi ligar para você, já que é minha melhor amiga. Por favor, me diga, será que devo chamar a polícia, vão fazer uma série de perguntas, será que vão desconfiar de mim?
            - Calma, Manu, você está falando há 20 minutos, sem parar, parece uma metralhadora disparando palavras, juro que estou com certa dificuldade para entender tudo o que disse. Essa é a estória mais absurda que já ouvi.
            -É absurda, mas é verdade, com tantas portas nesse corredor, esse infeliz foi escolher justamente a minha?
            - Manu, qual o número do seu apartamento?
            -É 66, por quê?
            -E o nome da rua?
            -Rua Transilvânia, mas o que isso tem a ver com o meu caso?
            -Amiga, que dia é hoje?
            -Dia 31 de outubro, Gabi, você está me deixando mais nervosa ainda, tenho que focar  nessa situação e resolvê-la.
            - Manu, volta lá na porta.
            -Você está maluca, acha que é fácil ficar vendo um homem morto assim de pertinho?
            - Vai lá, Manu, tem certeza de que esse homem é real?
            -Agora, está passando dos limites, acha que eu ia inventar um negócio desses?
            -Não estou dizendo isso, quero que veja se o homem é de verdade ou se é um boneco, sei lá!
            -Está achando que eu...espera um pouco, agora está caindo a ficha, Gabi, será que eu fui a escolhida?!
            -Corre lá!
            -Não acredito!!!
            -Nossa, moça, achei que ia ter um ataque, não voltava mais, cheguei a temer a brincadeira, caprichamos muito para ficar bem real e estou aqui bem vivo para lhe dizer que é a ganhadora da promoção de Halloween – “O susto do defunto”, acaba de ganhar uma viagem a Houston, com tudo pago para conhecer a matriz de nossa fábrica de doces. Você foi escolhida por ter o endereço mais original.
            -Gabi, Gabi, está ouvindo isso? Ganhei, ganhei!
            -Agora faça uma cara de espanto que está sendo filmada. A Doce Gostoso agradece sua participação. Ah! Já ia me esquecendo de dizer que tem o direito a um acompanhante.
            -Gabi, escutou o que ele disse? Gabi, ainda está aí ao telefone?
            -Estou sim, Manu e depois do susto e de tanta confusão, espero que me leve com você.
            -Claro, amiga, você é a companhia perfeita!
  


2 comentários:

  1. Olá Pessoal do Grupo 04
    Boa Tarde
    Reli os textos produzidos por vocês no Fórum e reafirmo que eles estão bem interessantes e empolgantes. Um texto melhor que o outro e estimula a leitura que dá vontade de ler várias vezes. Parabéns para todos.
    Abraços

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  2. Boa noite pessoal do Grupo 4, confesso que o blog de vocês esta muito bonito, estão todos de parabéns.
    Li os textos e eles estão bem interessantes.

    Um grande abraço.

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